A ESCULTURA
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" A ESCULTURA"
Dos portões enrendelhados do casarão da fazenda da nossa senhora da conceição, avistava-se o lago ao cimo, com a eterna estatua de pedra branca, virada para a entrada principal, do casarão da fazenda.
ao entrarmos, seguiamos a passarela toda, empedrada, ladeada de flores, que ia até á escadaria da porta principal, da casa grande do fazendeiro, toda branca debruada a azul, nas suas janelas de guilhotina,e nas suas portas, de acesso.
no meio do jardim existia um lago com estatua de pedra, imponente, mesmo no meio, de olhar fixo no cafezal, e nas plantações de cacau.
a estatua fora feita á semelhança de uma divindade grega e veio com o meu bisavo, que mandou erguer o casarão.
á volta do lago arvores, e mais arvores, de copas amplas.
passaros, sempre, esvoaçando e chilreadando.
tambem existia, canteiros com varias flores e relva verde e fresca, ate as margens deste.
sharim:
-marcela?
- chegas-te a conhecer, a fazenda da argentina??
marcela:
-não!!! só, as do brasil!!!
sharim:
-a fazenda da argentina, era lindissima, talvez a mais bonita, que os meus pais, tiveram.
marcela:
-sim, sem duvida, dá para perceber, pelos relatos,
esquece a fazenda, da argentina.
porque tem novo dono.
marcela avança, em seguida na direcção, de sharim, tira-lhe as fotos, e o papel das mãos, pondo tudo no pequeno balde, de papeis.
sharim , vai atras dela, tirando-lhe tudo das mãos.
marcela, vence, atira os papeis e as fotos pela janela.
sharim vai á varanda, os papeis e as fotos voavam, para bem longe.
sharim, fica ali, até tudo desaparecer.
marcela sai.
fica noite e marcela, volta, sharim ja dormia.
marcela:
-sharim???
sharim:
-desaparece!!!!
marcela:
-sharim, amanhã parto para a argentina em negocios e vou ver a fazenda, de que tu tanto falas.
sharim:
-vai á ervas!!! desaparece!!!
marcela, olha sharim, que dormia.
marcela começa a arrumar as coisas, sharim, abre os olhos.
sharim:
-vais mesmo para a argentina??? e não me levas???
marcela:
-achas??? que vou a carregar contigo???
tu, so estorvas!!!
sharim, levantou-se, serio, muito serio.
e pegou no revolver que estava mesmo ali, marcela foge, e fecha a porta do quarto, á chave, sharim, dá um pontape na porta, partindo-se, esta em seguida.
sharim:
-marcela??? tu não vais a lado nenhum, sem mim, ouviste???
marcela, ja estava na rua, e a caminho do aeroporto , para a argentina.
a paisagem, naquela tarde, era feia, os ventos sopravam do lado norte, o mar estava revolto, e cinzento a brisa era fria e ja chovia, quando chegou ao aeroporto, rumava para buenos aires, e depois a fazenda da nossa senhora da conceição.
horas depois chega a buenos aires, saiu do avião e respirou fundo, a cidade de buenos aires, estava quente.
apanhou um taxi, e, rumou, para o interior.
toca o telefone:
-estou quem fala???
sharim:
-marcela, onde andas???
marcela:
-sharim, estou na argentina e vou a caminho da fazenda.
sharim:
-marcela!! estas aonde??? na venezuela?? ouve-se mal!!!!
marcela:
-sim querido, no iraque!!! cairam agora, umas bombas, tenho que ir para outro lado, depois ligo.
sharim:
-não sejas mentirosa, eu ouvi dizeres que estavas nas argentina!!!
que foste ai fazer??? ah!! ja sei, a fazenda.!!!
enquanto marcela falava com sharim, chegava, uma mulher com malas, marcela desliga o telefonene a sharim, e fica olhando a mulher das malas.
ali perto, alguns homens.
marcela pergunta, a um deles, quem era, aquela pessoa:
marcela:
-olhe desculpe, esta senhora, é quem??
o homem que era jagunço, da fazenda, responde:
-mulher, esta senhora, é dona da fazenda, é mimi flores, mulher do fazendeiro.
mimi flores, chegava, cheias de manias e tiques, malas e mais malas, a nova senhora vestia chanel, e calçava armani.
no dia a seguir, ja passeava pelos corredores do soalho de madeira, do casarão, empoleirada em saltos finissimos coloridos, gingando as ancas roliças, com uma pequena saia vestida.
usava cabelos acobreados meio longo, e brincos enrendelhados, que lhes tocava os ombros.
chocalhava as pulseiras, em ambos os pulsos, pelos
corredores do casarão, como se fossem escoalhos.
o perfume super activo deixava um rasto pela casa toda, de tão intenso, que era.
gritava pela casa fora, chamando os empregados, que pouco a pouco, foram abalando para outras fazendas, vizinhas.
mimi flores, era a nova dona, daquela imensa fazenda, aquele lugar, deixou de ser sossegado, os empregados corriam pelos corredores, fazendo as tarefas diárias, sempre que ela gritava.
naquela tarde, o quadro de goya da sala grande, caiu e partiu-se.
jeromeia a empregada mais recente, diz a mimi.
-senhora mimi, o quadro do goya partiu-se!
mimi:
-oh!! alice, poe o quadro, no lixo!!
joromeia:
-senhora eu sou, joromeia, não sou, alice.
mimi:
-alice joromeia, leva o quadro, para o lixo.
joromeia, levou-o para casa, sem que mimi flores soube-se.
pablo camilho, chegava.
jeromeia:
-senhora!!! chegou o patrão???
mimi:
-patrão??? qual patrão!!!, quem manda aqui, sou eu!!!! ou não??? ham????
jeromeia:
-senhora o senhor pablo!!!
mimi muito assustada, chama por jeromeia:
-alllllliccccccccceeeeeeeeeeeeeeeeee! alicccccccccccceeeeeeeeeeeeeeeee.
alicccccccccccccccccceeeeeeeeeeeeeeeeeeee!
chega pablo camilho, perto dela.
-mas que gritaria, vem a ser esta??? mimi!!!! hammmmmm!
mimi, muito atrapalhada:
-eeeessssssstava a chamar, a empregada!!!
pablo:
-suponho ser joromeia?? não sera????
mimi:
-ssssiiiimmmm!!!
pablo:
-oh!!!! mimi, em vez de estares ai, com essa gritaria, porque não vais ver a estatua do lago, que se partiu ao meio, e ficou metade, dentro do lago.
ah!!! e ja agora, diseram-me, que anda por ai, uma rapariga a rondar a fazenda, por acaso ja reparas-te nisso??? hammmmmmmmmmmmmmm!!!
mimi flores deu um salto da cadeira, corando em, seguida.
mimi, foi dar uma espreitadela, á porta do casarão.
pablo:
-mimi, olha o jagunço bicho mau, que, anda por ai!!!
mimi, dá um grito, que atordoa, tudo, joromeia, vem correndo, a dizer que viu passar uma sombra, por ali.
pablo camilho, mais dois homens, vão ver o que se passa.
pablo:
-mimi, vou eu ver, o que se passa!!
mimi:
-e, o jagunço bicho, mau??
pablo e os homens, sorriram para mimi.
mimi, insiste:
-pablo, e o bicho mau???
pablo, sai mais os homens, não respondendo a mimi.
marcela, estava ali por perto, e entra em cena.
pablo, choca com marcela.
pablo:
-hei!!! quem é voce?? o que faz aqui, a estas horas??? ham???
marcela:
-estou perdida, cheia de fome, ando á procura de emprego, senhor??? ajude-me??? por favor???
pablo, e os homens, olham marcela.
pablo:
-e voce é donde????
marcela, olhava atentamente pablo:
marcela:
-senhor, sou colombiana!!
os tres homens, ao mesmo tempo:
-cooooolummmmbiannannnnnnnna!!!
marcela, encolheu-se, e disse:
-aahhhhhhhhhhh!! a minha cabeça, enganei-me, cubana!!!
os tres em coro:
-aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhh!
marcela, segue com eles, para o casarão.
pablo:
-sente-se, e voces, ja podem ir!!!
os homens abalaram, desconfiados.
pablo:
-então o que fazia aqui, a rondar a fazenda.
ah!! ja sei, precisa de trabalho!!
pois, nos precisamos, de pessoas para trabalhar no cafezal, e por aqui, tambem.
tem referencias??
marcela:
-naaaooooo!!! tenhoooo!!
de londres.
pablo:
-de londres??? genial, genial!!
e de onde??
marcela:
-do palacio real.
pablo:
-hhhaaammmmmmmmmmm! eeeeeeeeeeee!!!! fazia o quê?? la no palacio??
marcela:
-as camas, era so essa, a minha tarefa, e limpar o pó.
pablo:
-interessante!
pablo, toca a campainha.
chegam, os mesmos homens.
pablo:
-vai chamar, o cata mocho, precisamos de sair todos.
os homens sairam, deixando marcela, sozinha na sala.
marcela foi andando, pelos corredores do casarão, viu uma porta aberta e entrou, deitou-se na cama, e adormeceu, quando pablo chegou, ela estava no quarto dele, a dormir.
pablo fica perto da porta, olhando marcela, que dormia profundamente, na sua cama.
olhou-a, mais de perto, marcela tinha os cabelos soltos, que lhe tapavam parte do rosto, pablo, aproximou-se, e por fim recuou, e saiu do quarto, pe ante pe.
no outro dia marcela acorda, e pablo estava á beira dela:
-ola, marcela, o que faz, na minha cama?
marcela:
-na sua cama, eu?
pablo:
-sim, a casa é minha, o quarto e a cama, tambem!!
marcela ia a responder, quando toca o telefone, de pablo.
pablo sai, e marcela fica por ali, levanta-se, sai do quarto e vai pelo corredor do casarão, olhando para um lado, e outro, olhando, o soalho de madeira, cor de mel que tinha sido, encerado, no dia anterior.
ao fundo do corredor, o salão grande, cheio de sol, as janelas estavam, meias abertas e avistava-se o jardim e as arvores.
marcela:
-que lindo casarão, as mobilias devem ser, do tempo dos bisavos, do sharim, cavalos???
ali, vou ver,
ah!!!
é pablo, que saiu.
agora vou por ali.
ah!!!
lindo, os cafezais a perderem-se de vista, ou não, se calhar, é as plantações de cacau!!!
pois, deve ser.
esta uma porta, aberta, o que será?
tem uma cama de casal, uma saleta, que giro, parece a casa do sharim, que linda vista para as plantações, hum!!!
uma estante com livros ali, uns papeis, uma chavena de café!!!
umas botas de canos altos esporadas, junto ao armario, será de quem?
ah!!
ja sei!!
é de pablo , o fazendeiro.
hhhhhhhhhiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!
esqueci-me de sharim, meu deus, desliguei o telefone, pois foi.
marcela liga finalmente o telemovel, as mensagens de sharim, e por fim, o toque de chamar.
-sharim??
sharim:
-marcela, o que se passou, estavamos a falar, caiu a chamada e nunca mais, me ligas-te!!! onde andas, o que aconteceu.?
marcela:
-sharim, nem fazes ideia, estou dentro da vossa antiga fazenda, é deslumbrante.
sharim:
-ahhhhhh!!! sim, sim, muito!!! foram os meus bisavos que a mandaram construir, a fazenda da n s da conceição, mas ainda existe outra aqui, na argentina, ainda mais bonita do que essa, que nunca te falei dela, que é precisamente onde estou.
marcela, ficou confusa.
-sharim?? estas cá???? onde???
sharim:
-aahahh!! eu ja, ai passo, pablo camilho, esta? marcela!!!
marcela:
-não sei, mas a patroa esta, mimi flores.
sharim:
-mimi flores, eles tinham uma empregada com esse nome, os camilho, são gente, com muitos empregados.
os camilho, sempre estiveram, ligados á politica, gente riquissima, e com fortes influencias, aqui na argentina, eu ja passo ai marcela, para te trazer, para aqui.
sharim, encontra finalmente marcela, abraçando-a, e beijando-a em seguida, e de braço dado, avançam pela passarela empedrada, em direcção ao casarão.
sharim:
-marcela!! a estatua de marmore branca, pelos vistos caiu, o que lhe fizeram? sabes???
marcela:
-esta dentro do lago!!!
sharim:
-desleixo, aquela marmore, tinham cor de perola, e é uma pena, estar debaixo de agua!!!
cavalos, aqui dentro???
marcela:
- se calhar fugiram de algum lado.
sharim:
-marcela, vai buscar as coisas e vamos embora.
marcela foi dentro do casarão, e veio com a mala.
sharim estava ja fora, dos portões do casarão.
marcela:
-sharim vamos???
sharim:
-sim, tenho ali, o carro.
marcela abalava com sharim, sempre a olhar para tras, para a fazenda da nossa senhora da conceição.
sharim:
-o que estas a olhar para tras, vem, alguem ai??
marcela:
-não sharim!!!, estava a olhar a fazenda, so isso.
sharim?
porque é que a fazenda, tinha esse nome, acho que nunca, me disses-te???
sharim:
-querida marcela, não disse porque a minha amiga, é ateia, e iria, rir na minha cara, como ja riu, outras vez, ou não se lembra, das discussões, por causa de situações, parecidas a estas.
marcela, calou-se e virou-se, para a frente, olhando a estrada.
sharim:
-querida marcela, a menina sabe, que gosto muito de si, e só por isso, vou-lhe dizer.
marcela continuava a olhar em frente, fingia não ouvir sharim.
sharim:
-marcela, o meu bisavo, mandou erguer o casarão, e pos-lhe o nome de conceição, o nome da minha bisavó, a estatua de marmore branca, foi tb homenagem a uma mulher, muito bela, que era tambem a minha bisavó.
marcela, olhou sharim, e beijou-o no rosto, sharim sorriu e seguiram em direcção á fazenda, de sta isabel do pary.
ana paula alberto caldeira 30/05/1997